quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tua Esquina...

jaz na esquina,
um corpo desalmado....
sua esquina, seu corpo, sem alma...
É fruto miscigenado, sua cor é turva...mal lembra o tempo em que estava em pé nesta mesma esquina, com seus olhos escuros embebido em um ódio milenar. Suas mãos eram apodrecidas e ásperas, assim como suas idéias, os pés fincados firmes, no chão entrecortado de bosta de cão, dentes quebrados, cristo em ouro no peito fundo, mãos no bolso, arma na cintura, é assim que é, que foi, que sempre será...fora das esquinas, suas chances eram zero, fora feito para isso, tirou e deu, arrancou, um juiz não concursado, decidiu o futuro de quem passou por ali.... fez de si o seu próprio deus e as leis eram as suas...

..sem pedir licença, sem desculpar-se..


Nasceu de ventre comum, mas algo entre o caminho de carne que lhe deu a luz e as mãos do médico sem diploma do PS central aconteceu, era como se a grande escuridão tivesse engolido sua alma pra si e pontuado seu destino, a partir daquele momento, desde aquele dia, mesmo sem saber, seu juramento já estava feito, nenhuma flor permitiria florir e nenhum sorriso em sua esquina permitiria ser cultivado, esmagando seus vassalos de igual sangue...e desde o dia em que se pois a caminhar como humano que era, ele praticou seus planos de dor..sem pedir licença, sem desculpar-se...tomando a força, o futuro de quem ousava cruzar sua esquina...mas agora...pois agora...jaz na mesma esquina que outrora tomou como reino e neste instante não passa de um obstáculo para aqueles que querem passar por ali, sorrindo por não serem mais molestados por sua presença, de rei, virou diversão para as crianças que apontam e contam os buracos de bala em sua carcaça já empesteada de vermes.

Era absoluto, pois hoje, nesta mesma esquina, alguns até riem do fim que levaste...

..sem pedir licença, sem desculpar-se..

E vos digo, que sem pedir licença e muito menos sem desculpar-me, atravesso a esquina e vejo o burburinho, não ligo, nem sinal em cruz fará o povo pra ti...teu respeito era a esquina e nos braços dela você esta...e amanhã, o dia nascera e ninguém lembrara do teu nome, nem tua mãe nem teus bastardos, pois o mal que tu fez, usando esta esquina de palco, não perpetuara na historia deste bairro esquecido...

jaz na esquina
um corpo desalmado...
esquecido...
que apodrece... ..sem pedir licença, sem desculpar-se..