terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sou testemunha do descaso coletivo diário, manifestando-se em carne, nos deficientes que vendem paçoca nas calçadas ou nos índios que jogados nas esquinas mais parecem chicletes velhos grudados no chão, que pisamos diariamente sem nos darmos conta da cena que deprime.Talvez eu até possa julgar que a condição sócio moral dos habitantes da cidade interfira nesta percepção. Mas por outro lado, estaria eximindo de culpa o coletivo, que se esconde atrás de uma pseudo neblina de deturpação cerebral, que de tão turva, nos causa pena e às vezes nos faz sentirmos culpados pela pobreza de espírito alheia... mas vamos e convenhamos...pobre, odeia pobre!...e isto,senhores, não tem haver com deus, isto tem haver com consciência...por isso, não adianta querer consciência de pobre em relação a pobreza...eu venho de uma família pobre e sei disso... 

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011


No momento me dou conta de que somos todos irmãos;todos nós, que nada herdamos de nossos pais alem do desconforto no estomago e a certeza de que sangrar será nosso projeto de futuro eterno. Nos, que nos convencemos diariamente de que o amargo impregnado na garganta é o mais próximo do doce que jamais sentiremos. Nos, vitimas de amores não planejados, expurgados de sentir as manhãs coloridas em parques iluminados e os sabores de uma viagem em família a alguma cidade litorânea qualquer. Apesar de nos privarem o , é preciso caminhar!Repetirei até a saliva de minha boca virar areia: é preciso caminhar! Quem sabe em um futuro não muito distante, o mal cheiro de nossos pensamentos venham a sufocar os grandes  pensadores,petrificados em suas salas. Seguir em frente é a maior das metas.Mantermo-nos vivos, por si só, é a revolução

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Tua Esquina...

jaz na esquina,
um corpo desalmado....
sua esquina, seu corpo, sem alma...
É fruto miscigenado, sua cor é turva...mal lembra o tempo em que estava em pé nesta mesma esquina, com seus olhos escuros embebido em um ódio milenar. Suas mãos eram apodrecidas e ásperas, assim como suas idéias, os pés fincados firmes, no chão entrecortado de bosta de cão, dentes quebrados, cristo em ouro no peito fundo, mãos no bolso, arma na cintura, é assim que é, que foi, que sempre será...fora das esquinas, suas chances eram zero, fora feito para isso, tirou e deu, arrancou, um juiz não concursado, decidiu o futuro de quem passou por ali.... fez de si o seu próprio deus e as leis eram as suas...

..sem pedir licença, sem desculpar-se..


Nasceu de ventre comum, mas algo entre o caminho de carne que lhe deu a luz e as mãos do médico sem diploma do PS central aconteceu, era como se a grande escuridão tivesse engolido sua alma pra si e pontuado seu destino, a partir daquele momento, desde aquele dia, mesmo sem saber, seu juramento já estava feito, nenhuma flor permitiria florir e nenhum sorriso em sua esquina permitiria ser cultivado, esmagando seus vassalos de igual sangue...e desde o dia em que se pois a caminhar como humano que era, ele praticou seus planos de dor..sem pedir licença, sem desculpar-se...tomando a força, o futuro de quem ousava cruzar sua esquina...mas agora...pois agora...jaz na mesma esquina que outrora tomou como reino e neste instante não passa de um obstáculo para aqueles que querem passar por ali, sorrindo por não serem mais molestados por sua presença, de rei, virou diversão para as crianças que apontam e contam os buracos de bala em sua carcaça já empesteada de vermes.

Era absoluto, pois hoje, nesta mesma esquina, alguns até riem do fim que levaste...

..sem pedir licença, sem desculpar-se..

E vos digo, que sem pedir licença e muito menos sem desculpar-me, atravesso a esquina e vejo o burburinho, não ligo, nem sinal em cruz fará o povo pra ti...teu respeito era a esquina e nos braços dela você esta...e amanhã, o dia nascera e ninguém lembrara do teu nome, nem tua mãe nem teus bastardos, pois o mal que tu fez, usando esta esquina de palco, não perpetuara na historia deste bairro esquecido...

jaz na esquina
um corpo desalmado...
esquecido...
que apodrece... ..sem pedir licença, sem desculpar-se..

quarta-feira, 29 de setembro de 2010




Hoje descobri...
Este é o meu lugar
Colado ouvido em teu peito
Sentindo cada batida
No ritmo de seu respirar

Este é o meu lugar...

Com os dedos entrelaçados aos teus,
Sorrindo em graça.
Agradecendo a benção do eterno de todos os dias,
do pra sempre que é hoje, agora!
Sentindo o gosto do beijo, dado com os lábios d’alma...

Meu caminhar é junto, é de dois, duplo... é o teu

Rogo a deus que não conceda-me o dia,
se a noite não for de amor sem medida ao teu lado...
que não permita-me respirar,
se isto não me mantiver em pé para correr por ti...

hoje é assim...
e o amanhã, construiremos num dueto

Desejo que ao levantar-se, lembre-se de mim e venha.
estarei esperando,
com as mãos estendidas...

não precisa imaginar
abra os olhos e veja

te ofereço a simplicidade de quem não pisca
e em vigília, prometo guardar teu repouso...
teu nome, hoje mistura-se ao meu...
e o fruto disto, correra livre pelos campos de um dia..

as cores pertencem a nós...
e pintaremos o quadro que quisermos
pois os ventos, que outrora tanto atrapalharam
hoje sopram nossas nuvens em um céu azul!

tulipa...
reconheço que enraizaste em meu espírito
e meu viver já depende do teu
nada se compara ao sabor do saber
e hoje sei, aqui é o meu lugar
Sentado ao teu lado
naquelas cadeiras de madeira
embaixo das laranjeiras que adoçam nosso futuro...


Vem?!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Meus dedos cavalgam
Como cavalos de puro sangue, martelam a maquina como se fossem velhas trilhas indígenas, onde as mesmas quatro letras soam como uma linda melodia impossível.
Escrevo para não perder passo, mas perco...
Sempre perco
Meus dedos atiram
como metralhadoras desavergonhadas que insistem em contar algo que o mundo já não mais quer saber...ou nunca quis

É
parece que foi ontem que me despedi,
no café colorido da av. do cais
dizendo adeus entre os dentes,com os olhos molhados de sereno, apertando as mãos de pessoas que jamais tornaria a ver
recordo-me do tempo em que andava trôpego, cortando as ruas, cuspindo sentimentos, repetindo provérbios, prometendo, jurando...sangrando
recordo, mas não o suficiente para desejar outra vez

meus dedos são trem desgovernado
saindo dos trilhos, rodopiando no ar
chocando-se com os muros pichados da Luz
iludindo os meus com malabarismos literários

mais uma tarde se passou...
observo o touro cego se contorcendo na rua de pedra
recém fugido do matadouro
lutando pela vida que já lhe é impossível ser vivida
tendo em seus olhos furiosos, o detalhe cruel da queda.
doeu no meu sangue também...

meus dedos derretem
escorrendo sobre as teclas amareladas da dita cuja
desfazendo-se, desesperados em bater as ultimas palavras
não se trata de um clássico
talvez seja apenas uma lamuria....


e meus sonhos rasgam o ar...
no galope dos puros sangues,
no trilhar desgovernado do trem...
desavergonhados como balas perdidas
derretendo-se em lamurias sem fim

perco-me
porque achar-se não tem graça...