terça-feira, 21 de setembro de 2010

Meus dedos cavalgam
Como cavalos de puro sangue, martelam a maquina como se fossem velhas trilhas indígenas, onde as mesmas quatro letras soam como uma linda melodia impossível.
Escrevo para não perder passo, mas perco...
Sempre perco
Meus dedos atiram
como metralhadoras desavergonhadas que insistem em contar algo que o mundo já não mais quer saber...ou nunca quis

É
parece que foi ontem que me despedi,
no café colorido da av. do cais
dizendo adeus entre os dentes,com os olhos molhados de sereno, apertando as mãos de pessoas que jamais tornaria a ver
recordo-me do tempo em que andava trôpego, cortando as ruas, cuspindo sentimentos, repetindo provérbios, prometendo, jurando...sangrando
recordo, mas não o suficiente para desejar outra vez

meus dedos são trem desgovernado
saindo dos trilhos, rodopiando no ar
chocando-se com os muros pichados da Luz
iludindo os meus com malabarismos literários

mais uma tarde se passou...
observo o touro cego se contorcendo na rua de pedra
recém fugido do matadouro
lutando pela vida que já lhe é impossível ser vivida
tendo em seus olhos furiosos, o detalhe cruel da queda.
doeu no meu sangue também...

meus dedos derretem
escorrendo sobre as teclas amareladas da dita cuja
desfazendo-se, desesperados em bater as ultimas palavras
não se trata de um clássico
talvez seja apenas uma lamuria....


e meus sonhos rasgam o ar...
no galope dos puros sangues,
no trilhar desgovernado do trem...
desavergonhados como balas perdidas
derretendo-se em lamurias sem fim

perco-me
porque achar-se não tem graça...

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